5 lições do futebol para usar em tomadas de decisão

Qual a melhor maneira de encarar vitórias e derrotas no futebol?

E o que isso nos ensina sobre processos de tomada de decisão?

Esse assunto me veio neste artigo fascinante no jornal The Guardian, que menciona um dos meus pensadores favoritos, o psicólogo e prêmio Nobel de Economia Daniel Kahneman.

Nele, o dono do time inglês Grisby Town explica que, baseado nos ensinamentos de Kahneman, a nova gestão do time tentou com sucesso implementar processos de decisão mais racionais, evitando a paixão natural do fã de futebol.

Aqui 5 lições legais que encontrei no artigo e compartilho aqui:

1. Nosso cérebro tem dois modos de decisão, que Kahneman chama de rápido e lento. O primeiro nos ajuda a reconhecer um rosto, evitar perigo imediato, buscar uma informação recente na memória. Exige pouco esforço de vontade, acontece naturalmente, e por isso mesmo é dominante.

O segundo exige esforço, concentração, trabalho. Ele é menos impulsivo, intuitivo, mas se usado de maneira adequada, permite que a gente ultrapasse pré-julgamentos naturais (bias), que prejudicam a qualidade final de nossas decisões.

Os tais bias soam bem futebolísticos, e são:

2. Viés de resultado – No futebol, os torcedores frequentemente julgam o sucesso ou o fracasso com base apenas na pontuação final de uma partida, sem considerar as complexidades e incertezas inerentes ao esporte.

Isto é, a avaliação do resultado de um time deve passar por muito mais fatores que o resultado placar, até para avaliar a direção de médio e longo prazo do time e a construção que está sendo feita pela gestão.

3. O viés de confirmação ocorre quando as pessoas buscam ou interpretam informações de uma maneira que confirma suas crenças pré-existentes.

Nesse caso, se avaliam aspectos individuais (quantos gols fez um atacante), ao invés de aspectos coletivos (a média de gols do time, que é mais importante que o sucesso de um indivíduo).

4. Viés de disponibilidade, que ocorre quando superestimamos a importância ou a probabilidade de eventos com base em como exemplos ou instâncias vêm facilmente à mente.

No artigo, é mencionada a ‘vantagem perigosa de 2×0’, porque já vimos muitos exemplos de perda dessa vantagem ainda que, estatisticamente, times que abrem uma vantagem de 2X0 vencem 90% das partidas.

5. Aversão a perda. Ninguém gosta de perder, mas esse desgosto é tão grande que muitas vezes impede uma avaliação crítica dos fatores que constroem o sucesso ou não de uma organização.

Numa organização ou time de sucesso, perder é parte essencial do processo de ganhar. Até porque vitórias, se tratadas apenas com emoção, ensinam muito pouco.

No final, é sempre importante avaliar resultados dentro de um conjunto de critérios objetivos, que vão além dos resultados imediatos, porque qualquer grande projeto, seja um time, seja uma empresa, dependem de paciência, clareza e tolerância a erros.

Alex Winetzki, fundador e CEO da Woopi e diretor de P&D do Grupo Stefanini.

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